DATA: 28/02/2025
HORA: 10:00
LOCAL: DEFESA DE DISSERTAÇÃO
TÍTULO: O DISCURSO LITERÁRIO E O CONTRATO COMUNICACIONAL EM CONTOS DE FONTES IBIAPINA
PALAVRAS-CHAVES: Semiolinguística. Discurso Literário. Contos. Fontes Ibiapina.
PÁGINAS: 95
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo a aplicação da Análise do Discurso Semiolinguística (ADS) para leitura do contrato comunicacional em contos do escritor piauiense Fontes Ibiapina. Selecionamos como corpus os oito textos da coletânea “Chão de Meu Deus”. Inicialmente, descrevemos as especificidades dessas histórias como atos de linguagem. Em seguida, examinamos as características do contrato contista no discurso literário do autor. Mobilizamos conceitos da ADS, tais como os de ato de linguagem, circunstâncias de discurso e contrato de comunicação, propostos por Charaudeau (2001, 2004, 2005, 2010, 2016), além da noção de contrato de leitura, tal como adaptada por Emediato (2007) para compreensão de situações de comunicação monolocutivas escritas. Esta pesquisa possui natureza aplicada, cunho descritivo, abordagem qualitativa, caracterizando-se ainda como bibliográfica e documental quanto aos procedimentos de coleta de dados. Como resultados, na descrição dos elementos que atuam na construção da significação dos contos, destacamos um dispositivo de encenação da linguagem que comporta cinco sujeitos: na instância de produção, Fontes Ibiapina (EUc) e seu narrador-contador (EUe); na instância de recepção, o leitor idealizado por aquele (TUd) e o leitor empírico (TUi); incluindo o trabalho de escrita do autor em parceria com a equipe editorial (EUc scriptor). A encenação discursiva é caracterizada pela predominância dos modos de organização do discurso narrativo e descritivo. No tocante ao contrato de comunicação, identificamos visadas de incitação (a fazer e a sentir) e de informação; restrições que apontam para a relação de influência entre os componentes contratuais e os dados externos da encenação linguageira; além de um comportamento elocutivo na organização do dizer do EUe e o uso de expressões adverbiais temporais e de pronominalização, condicionado pela intencionalidade de apresentar os acontecimentos conforme uma cronologia contínua em progressão e criar efeitos de subjetividade. Dentre as estratégias, a incorporação de identidades discursivas de sujeito astuto e franco, para o EUe, projeta tópicas predominantemente negativas, como as de angústia, horror e dor, ancoradas em imaginários de pobreza, necessidade, entre outros. Junto a isso, a construção da figura leitora, segundo as competências pressupostas pelo contrato de leitura, pressupõe um leitor que saiba reconhecer a orientação interpretativa do discurso literário do EUc: vislumbrar a seca em solo piauiense pela ótica da fatalidade e do pessimismo e condená-la como agente de destruição; o que se relaciona com a intencionalidade comunicativa dos contos analisados de denunciar tanto o abandono e sofrimento do sertanejo face à problemática da seca quanto a necessidade de demarcação discursiva do Piauí como espacialidade nordestina. Concluímos que uma análise do gênero conto literário pelo viés da Semiolinguística permite uma compreensão mais abalizada de sua estrutura, de sua função social e dos sentidos que dele emanam.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente – 1308749 – JOAO BENVINDO DE MOURA
Interno – 1790769 – MARAISA LOPES
Externo à Instituição – 088.295.146-75 – RENATA AIALA DE MELLO – UFBA