Defesas

Banca de DEFESA: MICHEL AUGUSTO CARVALHO DA SILVA

DATA: 28/02/2025
HORA: 14:00
LOCAL: DEFESA DE TESE
TÍTULO: O TEMOR PELO SOFRIMENTO FUTURO: ALGOFOBIA E MELANCOLIA NA NARRATIVA DE JOÃO ANZANELO CARRASCOZA
PALAVRAS-CHAVES: melancolia; algofobia; fragmentação narrativa; João Anzanello Carrascoza; romance; literatura brasileira.
PÁGINAS: 189
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: Esta tese analisa como a algofobia e a melancolia se articulam nos romances de João Anzanello Carrascoza. O conceito de algofobia, proposto por Byung-Chul Han (2021), refere-se à aversão à dor, marcada por medidas paliativas que dissociam a dor de suas experiências originárias. Quanto à melancolia, resultante dessa experiência de algofobia, nas narrativas analisadas ela pode ser interpretada pela posição do narrador em relação ao que é narrado, a fragmentação temporal, marcada pela imprecisão e a fragmentação narrativa, pois o texto apresenta lacunas e silenciamentos. Para a construção de uma relação entre a melancolia e a literatura, o primeiro capítulo, revisa a construção do conceito de melancolia desde a Antiguidade Clássica até os dias atuais, em busca de uma compreensão da melancolia como uma condição existencial, influenciada pelo contexto cultural e sua articulação com a algofobia percebida por Han (2021) e articulada com os textos de Freud (2011; 1989), Edler (2022), Scliar (2003) e Kehl (2009). O segundo capítulo aproxima o conceito de melancolia como um atributo cultural articulado com a algofobia e o gênero literário romance, através de discussões pautadas por Lukács (2000), Adorno (2012), Benjamin (1994), Ginzburg (2000; 2012; 2013), Starobinski (2014; 2016), Lambotte (2000), Kristeva (1989), Santiago (2002) e Han (2023). O terceiro capítulo analisa o romance Aos 7 e aos 40 (2016), a partir dos conceitos operacionalizados nas discussões teóricas. O quarto capítulo analisa a Trilogia do adeus (2017) de modo geral para, em seguida, partir para as especificidades de cada um dos romances que a compõem, Caderno de um ausente (2017), Menina escrevendo com pai (2017) e A pele da terra (2017). O quinto capítulo analisa e discute o romance Elegia do irmão (2019). A justificativa para a escolha da melancolia como categoria analítica surge como uma possibilidade de leitura das narrativas selecionadas de João Anzanello Carrascoza, a partir do modo como melancolia e algofobia estão relacionadas nas obras. A proposta de pesquisa parte da compreensão de melancolia como uma postura existencial, pessimista e de desencanto diante da vida. As narrativas analisadas permitem concluir que a escrita de João Anzanello Carrascoza prioriza o sofrimento que antecede a dor. A certeza ou expectativa pelo fim de uma relação ou de uma vida são narrados não a partir do acontecimento em si, mas do sofrimento que antecede a materialização dessas perdas. A melancolia atravessa todas as narrativas estudadas, perceptível na fragmentação dos episódios, na temporalidade incerta, no pessimismo e desencanto dos narradores ao observar a existência e perceber a realidade. Em um mundo em que os imperativos demandam dos sujeitos uma positividade inexistente em prol de uma produtividade desesperada, em que as dores não podem ser processadas, o projeto literário de João Anzanello Carrascoza segue o caminho contrário e permite que seus personagens discorram sobre o próprio sofrimento, temores e busca de sentido para uma existência percebida a partir de reflexões.

MEMBROS DA BANCA:
Interno – 1036859 – CAROLINA DE AQUINO GOMES
Externo à Instituição – 005.908.023-05 – DOUGLAS RODRIGUES DE SOUSA – UESPI
Interno – 008.591.443-64 – EMANOEL CESAR PIRES DE ASSIS – UEMA
Externo à Instituição – 746.965.803-34 – JOSE WANDERSON LIMA TORRES – UESPI
Presidente – 1550705 – LUIZIR DE OLIVEIRA