Defesas

Banca de DEFESA: JEOVANIA DA COSTA VILARINDO

DATA: 28/02/2025
HORA: 14:00
LOCAL: DEFESA DE DISSERTAÇÃO
TÍTULO: A ESCREVIVÊNCIA COMO PARÂMETRO DA ENUNCIAÇÃO ESCRITA NO ROMANCE HUMUS, DE FABIENNE KANOR
PALAVRAS-CHAVES: enunciação; escrevivência; Fabienne Kanor; humus; negritude.
PÁGINAS: 107
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO: A presente pesquisa propõe uma análise enunciativa do romance Humus (2006), da escritora Fabienne Kanor, à luz da escrevivência, operador teórico forjado por Conceição Evaristo, e dos estudos enunciativos de Émile Benveniste, que abordam as noções de subjetividade e intersubjetividade. Considerando o pressuposto benvenistiano de que é na e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito, investigo como a narrativa de Kanor, que retrata o trauma da escravidão transatlântica através das vozes de mulheres africanas que escolhem o suicídio coletivo como forma de insurgência, funciona como um ato enunciativo que agencia e resgata a humanidade desses corpos historicamente silenciados. Desse modo, adoto a escrevivência como uma rota teórico-metodológica para discutir um problema tanto dos estudos literários quanto dos estudos enunciativos, que reside na seguinte indagação: quais caminhos o termo cunhado por Evaristo oferece para tornar a obra de Kanor um agenciamento coletivo de enunciação? Simultaneamente, como esse operador teórico propõe os parâmetros que demarcam as posições de locutor e alocutário, essenciais ao ato da enunciação escrita? Parto da hipótese de que a literatura de autoria negro-feminina sugere uma escrita de expressão que subverte a lógica dominante ao promover o agenciamento desses enunciados, à medida que instaura no interior do que é dito o locutor e o alocutário. Para chegar a uma resposta que satisfaça essa premissa, busco identificar as estratégias narrativas em Humus que revelam essas marcas dialógicas, apontando como essa escrita promove a construção de novas formas de existência e reconhecimento dessas vozes marginalizadas. Ao explorar a intersecção entre linguagem e literatura, pretendo ampliar os entendimentos sobre a função humanizadora da escrita e sua capacidade de contestar e transformar estruturas sociais e epistemológicas de opressão. A metodologia apoia-se, fundamentalmente, em uma revisão bibliográfica abrangenteenvolvendo o arcabouço teórico de pensadoras negras contemporâneas como Evaristo (2017; 2019; 2020), hooks (2019), Kilomba (2019), Carneiro (2023), Borges (2020) e Souza (2018; 2020), aliadas aos estudos da linguagem de Benveniste (2005; 2006) e de estudiosos privilegiados de sua obra, como Flores (2009; 2011; 2013; 2018; 2019; 2022; 2023), Rabatel (2016), Fiorin (2016) e Dessons (2006; 2020). Além disso, promove-se uma discussão dessas áreas com os estudos culturais, sociológicos e narratológicos, expressos nas contribuições de teóricos como Mbembe (2020; 2022), Bhabha (2013), Spivak (2021), Hall (2016), Glissant (2021), Hill Collins (2019), Reuter (1996), Genette (2017) e outros que dialogam com questões pós-coloniais e de representação sociocultural. Com os resultados dessa pesquisa, aponto um mapeamento de como a escrita de Kanor incorpora e potencializa a escrevivência sob uma perspectiva enunciativa, de modo que esta possa servir como um parâmetro de enunciação escrita. Com isso, almejo contribuir para o avanço de novas abordagens que integrem os estudos linguísticos e literários, revelando a importância da linguagem como instrumento fundante da condição humana.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente – 1637106 – ALCIONE CORREA ALVES
Interno – 1308749 – JOAO BENVINDO DE MOURA
Externo à Instituição – 743.***.***-20 – NORMA DIANA HAMILTON – UnB