Defesas

Banca de DEFESA: MARIA ALDETRUDES DE ARAUJO MOURA

DATA: 28/02/2025
HORA: 14:00
LOCAL: DEFESA DE TESE
TÍTULO: SOCIOLINGUÍSTICA NO BRASIL (1972-2010): UMA NARRATIVA HISTORIOGRÁFICA DO ESTABELECIMENTO DA ÁREA A PARTIR DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO
PALAVRAS-CHAVES: Historiografia Linguística. Sociolinguística brasileira. Mapeamento. Dissertações e teses.
PÁGINAS: 578
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: Esta pesquisa foi desenvolvida a partir do arcabouço teórico-metodológico da Historiografia Linguística (HL) e apresenta como objetivo geral: propor uma narrativa historiográfica, pautada na HL, do estabelecimento da Sociolinguística no Brasil, tendo como fontes primárias dissertações de mestrado e teses de doutorado, produzidas entre 1972 e 2010. Para alcançá-lo, traçamos como objetivos específicos: i) compreender a relação entre os panoramas sócio-histórico, linguístico e educacional brasileiro, tendo como suporte o princípio da contextualização (Koerner, 1996 [1995]), e as fases de emergência, desenvolvimento e consolidação da Sociolinguística no país; ii) identificar as redes de orientações mais expressivas numericamente, de acordo com o corpus de pesquisa, e o possível impacto dessas redes na configuração e no desenvolvimento da Sociolinguística no Brasil; iii) mapear, a partir das fontes primárias, líderes intelectuais e organizacionais (Murray, 1994) que, nos momentos de emergência, desenvolvimento e consolidação da Sociolinguística, propuseram, criaram ou lideraram grupos de especialidade na área; iv) investigar as interfaces mais produtivas da Sociolinguística com outros campos, disciplinas ou teorias e de que forma isso pode ter contribuído para as características que a área adquiriu ou desenvolveu no país; iv) identificar continuidades e descontinuidades (Koerner, 1989a) no desenvolvimento da Sociolinguística brasileira. Partimos da hipótese de que houve um contexto favorável à implementação e ao estabelecimento da Sociolinguística no Brasil, em decorrência de um conjunto de fatores sócio-históricos, políticos, econômicos, educacionais e linguísticos. Tendo em conta a discussão realizada, nossa hipótese foi validada e evidenciou que a intersecção dos fatores elencados, de fato, contribuiu para que a área em tela se estabelecesse e se consolidasse no panorama dos estudos linguísticos brasileiros. No que reporta à metodologia, utilizamos o mapeamento (Coelho; Nóbrega; Alves, 2021) para levantar, organizar e sistematizar os dados, que foram analisados através de parâmetros externos (ano de defesa, autoria, orientação, tipo – Mestrado/Doutorado – e IES) e internos (título, objeto, abordagem, vinculação e interface). O mapeamento resultou em 558 (quinhentos e cinquenta e oito) textos, 442 (quatrocentas e quarenta e duas) dissertações e 116 (cento e dezesseis) teses. Em linhas gerais, os resultados indicam, quanto à análise dos dados externos, que há um número substancial de pesquisadores que estão em duas categorias descritivo-analíticas, autoria e orientador(a), 43 (quarenta e três) ao todo. Inicialmente, eles se destacam como pós-graduandos, posteriormente, como orientadores que contribuem na formação de novas gerações de especialistas, fato relevante no processo de estabelecimento do campo. Observamos que as redes de orientações e as redes de relações se projetaram como relevantes para o desenvolvimento e a consolidação do campo sociolinguístico. As pesquisas desenvolvidas no escopo dessas redes contribuíram para a institucionalização, o fortalecimento e a descentralização desse campo, assim como para formação de muitos sociolinguistas. Algumas IES, tais como a UFRJ, a UFBA, a UnB, a UFMG, a UFSC, a UFPB, a UNICAMP, a UNESP e a UFPR, desvelam-se como aquelas em que o número de trabalhos stricto sensu foi mais significativo quantitativamente. Juntas, elas foram responsáveis pela produção de 66,1% das fontes mapeadas. Referentemente aos resultados dos dados internos, observamos que a concordância (verbal ou nominal) se notabilizou, ao longo do recorte, como o objeto de estudo mais frequente nas dissertações e teses. No conjunto dessas fontes, outro aspecto que chamou atenção foi a predominância de pesquisas que tiveram como alvo o português, mais notadamente o PB. Os dados dessa natureza demonstram que as variedades cultas, populares, urbanas e rurais estiveram no rol de interesse de diversas gerações, o que revela uma continuidade do campo analisado. A respeito das pesquisas em interface, faz-se pertinente destacar que elas são recorrentes na produção levantada. Nesse viés, preponderou a confluência da Sociolinguística com o Ensino, observada já no momento de emergência do campo. Ainda que não se registrem muitos casos de descontinuidades, é possível observar, a partir do desenvolvimento da interface da Sociolinguística com o Funcionalismo e a Análise do Discurso, por exemplo, o surgimento de pesquisas que, diferentemente das que, inicialmente, investigavam fenômenos situados nos níveis fonético, fonológico, sintático e morfológico, voltaram-se para fenômenos discursivos. A narrativa proposta constatou a presença de dissertações e teses em Sociolinguística em todas as regiões do Brasil, mas com expressiva disparidade quantitativa: a região Sudeste, principalmente no primeiro período considerado no recorte (1972-1980), foi predominante no desenvolvimento de trabalhos dessa natureza, e a região Norte foi aquela em que eles apareceram mais tardiamente. Considerando o tipo de fonte eleita para a análise, notamos que o estabelecimento da área no país ocorreu de forma desigual, com a região Sudeste sendo o centro de irradiação.

MEMBROS DA BANCA:
Interno – 1063909 – JUSCELINO FRANCISCO DO NASCIMENTO
Interno – 1790769 – MARAISA LOPES
Presidente – 2499575 – MARCELO ALESSANDRO LIMEIRA DOS ANJOS
Externo à Instituição – 135.557.868-06 – OLGA FERREIRA COELHO SANSONE – USP
Externo à Instituição – 166.319.068-22 – Ronaldo de Oliveira Batista – UPM